Pré-candidatos e Justiça enfrentam um novo desafio com a disseminação de fake news por meio de áudios manipulados através de inteligência artificial.
A temporada pré-eleitoral no Brasil está sendo palco de uma perigosa onda de desinformação, com a criação de áudios falsos por meio do uso de inteligência artificial (IA). Os pré-candidatos e a justiça eleitoral enfrentam um novo desafio com a manipulação de áudios e vídeos, conhecida como “deepfake”, que reproduz artificialmente o tom, timbre e até mesmo o modo de falar de uma pessoa. Este fenômeno pode levar eleitores a acreditar em declarações falsas atribuídas a políticos.
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Investigação
De acordo com uma reportagem do jornal O Globo, estados como Amazonas, Rio Grande do Sul e Sergipe já estão investigando casos suspeitos de uso de inteligência artificial para criar gravações fraudulentas. Os áudios em questão envolvem prefeitos que planejam concorrer novamente e um deputado federal participando da pré-campanha de sua esposa, atual prefeita e candidata à reeleição.
Um exemplo notório ocorreu em Manaus, onde o prefeito David Almeida, do Avante, relatou à Polícia Federal ter sido vítima de deepfake. No áudio falso, uma voz gerada por IA imita o político proferindo insultos aos professores municipais e fazendo acusações infundadas sobre os funcionários públicos.
Episódio de Manaus
O caso em Manaus está sendo tratado como um teste pela Polícia Federal, que busca utilizá-lo como referência para futuras investigações durante as eleições municipais deste ano. Desde a abertura do inquérito em 22 de dezembro, dois suspeitos já prestaram depoimento.
Em Busca de Soluções
Espera-se que tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal debatam e priorizem a discussão sobre esse novo desafio. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), planeja abordar o tema após o término do recesso parlamentar, considerando a responsabilidade do Congresso Nacional na regulamentação do assunto.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também planeja realizar audiências públicas neste mês para elaborar uma nova resolução que proíba a falsificação de voz e imagens, podendo levar até mesmo à cassação de mandatos. A proposta sugere que as plataformas digitais removam conteúdos falsos, e qualquer uso de IA que não promova desinformação seja claramente identificado.
Internacional
Embora o uso de inteligência artificial em campanhas eleitorais seja novo no Brasil, já causou polêmicas em outros países. Na Argentina, durante a eleição presidencial do ano passado, houve um significativo uso dessa tecnologia, incluindo um vídeo falso do candidato Sérgio Massa.
Nos Estados Unidos, a IA marcou presença nas primárias republicanas com a divulgação de uma imagem de IA mostrando Donald Trump abraçando um rival pela equipe de Ron DeSantis. Apesar de usos controversos, a IA também teve aplicações positivas, como a interação de candidatos sul-coreanos com eleitores por meio de avatares de IA em 2022. Esses avatares proporcionaram uma comunicação mais ampla e consciente do uso da tecnologia.
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