Ex-presidente afirma que pode “falar por horas” e prepara estratégia para rebater acusações; Mauro Cid confirma que Bolsonaro sugeriu mudanças em minuta golpista
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (10), ao chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), que pretende “falar por horas” em seu depoimento, caso tenha liberdade durante o interrogatório. Ele também disse que levará de “11 ou 12 vídeos curtinhos” de seus próprios atos e pronunciamentos para tentar comprovar que “o golpe não existiu”.
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“Eu não sei qual vai ser o humor dos ministros, do PGR. O golpe não existiu”, declarou. Bolsonaro será o sexto a prestar depoimento entre os oito réus do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, que estão sendo ouvidos nesta semana pela Primeira Turma do STF.
O ex-presidente antecipou parte de sua estratégia de defesa: “Eu fui proibido de fazer live do Alvorada, a minha casa, fui proibido de um montão de coisas, vou falar aqui, um montão de coisas que eu fui acusado até de pedófilo, eu fui acusado pelo [André] Janones”, disse.
Bolsonaro também deve insistir no discurso de questionamento às urnas eletrônicas. “Tem um [vídeo] do Flávio Dino condenando a urna eletrônica, tem uma do Carlos Lupi também, falando que sem impressão do voto é fraude, eu não estou inventando”, afirmou.
Primeiro dia de depoimentos
As audiências começaram na segunda-feira (9). O primeiro a ser ouvido foi o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso, coronel Mauro Cid. Ele confirmou a veracidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e afirmou: “Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles”.
Cid disse que Bolsonaro teve acesso e sugeriu mudanças na chamada “minuta do golpe” — documento com medidas autoritárias para reverter o resultado das eleições de 2022. Segundo o militar, o ex-presidente pediu a retirada do trecho que previa a prisão de autoridades, mas manteve a parte que determinava a detenção do ministro Alexandre de Moraes. Cid também relatou que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, a produzir um relatório crítico sobre as urnas eletrônicas.
Questionado por Moraes, Cid confirmou que Bolsonaro queria um texto “duro” contra o sistema de votação.
Na sequência, foi ouvido o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele afirmou que um documento que questionava o resultado das eleições era apenas um rascunho pessoal e que não foi entregue a Bolsonaro. Ramagem negou envolvimento na disseminação de desinformação e rejeitou a acusação de que teria usado a Abin para monitorar autoridades.
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