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Em entrevista exclusiva, o jornalista Fábio William revela: ‘Sou da época em que jornalista não era artista, e sim tradutor dos fatos’

No jornalismo há mais de 40 anos e com passagens nas maiores emissoras do Brasil, o jornalista Fábio William falou com exclusividade sobre sua carreira no programa Imparcial na TV, comandado pelo jornalista Marcos Alexandre
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Fábio, que é de São Paulo, revela que sempre estudou em escola pública e começou a trabalhar aos 14 anos, como office boy. Formou-se em jornalismo pela Universidade de Uberaba. Um ano após formado, começou a trabalhar na TV Uberaba, onde ficou por três anos. A primeira aparição na emissora ocorreu numa apresentação ao vivo, improvisada após a ausência da apresentadora titular.

Ele relata que teve os melhores pais ao seu lado. “Eu tive uma infância feliz, brinquei de tudo que um garoto naquele tempo brincava, jogava futebol, brincava de mocinho e bandido, brincava na rua de bicicleta, caía, machucava e meu pai sempre trabalhou bastante, mas quando estava em casa era um momento de muita qualidade, então, muita proteção, mas não aquela proteção que te afasta do mundo e te faz ficar em uma bolha. É uma proteção que hoje, eu já disse isso a eles, eu me sinto uma pessoa segura dentro do que é possível o ser humano ser seguro”, declarou.

Vocação para o jornalismo

O jornalista revela que aos 12 anos, seu pai o matriculou em um curso de desenho mecânico, despertando seu interesse em desenho técnico. Com dedicação, aos 14 anos, formou-se como desenhista técnico, preparado para trabalhar na área de engenharia. Ingressou em uma empresa de engenharia, alimentando o sonho de se tornar um engenheiro de sucesso. No entanto, sua perspectiva mudou quando participou de um estudo psicológico na empresa, que o fez questionar sua vocação nas exatas. Foi então que, em uma conversa com um colega mais velho, descobriu o jornalismo como uma possibilidade.

Fábio começou a trabalhar com política ainda na TV Uberaba, onde fazia a cobertura da Prefeitura e da Câmara Municipal. “Na parte de redação, eu fiz de tudo, produção, redação, como editor chefe, como apresentador, enfim, repórter. Então, tudo a gente fazia. E aí eu pensei, bom, eu quero aprender mais, então, aqui eu já faço tudo, eu tirei férias lá e vim para Brasília”.

No entanto, o começo em Brasília não foi fácil. Ficou hospedado na casa de uma prima, começou a enviar currículos, porém, não teve muito sucesso no começo. “Conheci uma pessoa que ia ser dono de uma nova rádio em Brasília e a rádio estava em atividade, estava para inaugurar, começando três meses antes a rádio. Três meses antes de inaugurar, estava em fase experimental, e aí eu entrei na Atividade FM. Isso foi em 1988, então eu entrei lá e eles me contrataram”.

Jornalismo no Brasil

O jornalista Marcos Alexandre questionou se o jornalismo teria perdido sua essência. Fábio ponderou sobre as mudanças rápidas no mundo e a necessidade de adaptação. Ele destacou sua visão, enraizada na escola antiga do jornalismo, onde o jornalista é um mero instrumento para tornar a notícia compreensível para o público, sem ser uma figura central. Segundo Fábio, o papel do jornalista é traduzir os acontecimentos, sem envolver preferências pessoais ou preocupações com estética. “Olha, o mundo mudou e está mudando muito rápido e é natural que as coisas mudem também. Eu acredito naquilo que é jornalismo para mim, jornalista há 40 anos. Eu sou da escola antiga do jornalismo, onde jornalista era jornalista, não era artista, o jornalista não tem que gostar ou deixar de gostar, tem que ser o tradutor daquilo que está acontecendo”, disse.

Psicologia

Fábio falou sobre sua segunda profissão e como foi o processo de se descobrir em uma nova área e encarar novamente as salas de aula mesmo após uma carreira consolidada no jornalismo. Ele explicou como conciliava múltiplos empregos, incluindo seu trabalho na Globo e sua atuação em rádio, ao mesmo tempo em que alimentava seu interesse pela psicologia. Apesar de hesitar inicialmente devido à idade, sua esposa o incentivou. “Eu sou psicólogo há 12 anos, tenho consultório e trabalho com psicoterapia de adultos e casais, e trabalho com hipnose clínica. Sim, eu sempre gostei de Psicologia. Sempre achei interessante. Eu já estava com 38 anos e pensei: não vou fazer isso quase 40 anos, e aí a minha mulher me disse uma coisa que mudou a minha vida: se você entrar hoje na faculdade, daqui a 5 anos você será um psicólogo, se você não entrar, daqui a 5 anos o tempo vai passar do mesmo jeito, você não vai estar nem mais rico nem mais pobre. A diferença é que você será um psicólogo ou não. O que que você quer fazer”, Fábio conta que essa conversa com sua esposa foi um divisor de águas em sua vida.

O jornalista trabalhou na Rede Globo, de 1996 até 2023, onde foi repórter de Política e em dezembro de 2011 foi apresentador e editor-chefe do DFTV 1ª edição. Em 2013, passou a fazer parte do rodízio de apresentadores do Jornal Hoje aos sábados.

Deixou de ser editor-chefe do DFTV 1ª edição para exercer a psicologia clínica, em 2012. Continuou na Globo apenas como apresentador. Em 2019, como comemoração aos 50 anos do telejornal, estreou na bancada do Jornal Nacional, representando o Distrito Federal, onde dividiu a bancada com Ellen Ferreira, de Roraima e em Dezembro, foi nomeado como apresentador eventual do JN a partir de 2020. Em 5 de abril de 2023, foi demitido da TV Globo após 27 anos na emissora e hoje se dedica ao seu consultório de psicologia.

Assista o programa completo;

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