Encontro político marca avanço de articulação para formação de superchapa conservadora com foco no Senado, Buriti e Congresso Nacional
Brasília se tornou palco de movimentações estratégicas com vistas às eleições de 2026. Um jantar reservado realizado nesta terça-feira (24), na residência do bispo JB Carvalho, reuniu o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro. O encontro selou o que já vinha sendo articulado nos bastidores: a consolidação de uma superaliança conservadora no Distrito Federal, envolvendo nomes de peso e lideranças partidárias.
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A principal proposta em discussão é uma formação inédita ao Senado Federal: Ibaneis Rocha e Michelle Bolsonaro disputando, cada um, uma das duas cadeiras disponíveis para o DF. A composição das suplências, em fase avançada de negociação, inclui nomes como o ex-desembargador Sebastião Coelho, filiado ao Partido Novo, e representantes do PSD, como parte da costura política liderada pelo próprio governador.
No plano local, o grupo deve lançar a atual vice-governadora, Celina Leão (PP), como pré-candidata ao Palácio do Buriti. O deputado federal Gilvan Máximo (Republicanos) desponta como o nome mais cotado para compor a chapa como vice, reforçando a presença da base conservadora em regiões estratégicas do DF e no Entorno.
A iniciativa representa um esforço de unificação das principais forças políticas de direita da capital. MDB, PL, PP, Republicanos, União Brasil, PSD e o próprio Partido Novo integram a coalizão, que já é considerada a maior frente partidária organizada no Distrito Federal até o momento. Para os articuladores, o modelo atual busca evitar os erros cometidos em 2022, quando a falta de consenso nas suplências ao Senado contribuiu para o racha na direita e a vitória de Damares Alves (Republicanos).
Estratégia e simbolismo
Segundo fontes próximas ao governador, a conversa com Bolsonaro está “adiantada” e reflete não apenas uma aliança eleitoral, mas também uma sintonia ideológica e administrativa. Ibaneis, reeleito em primeiro turno em 2022, tem utilizado seu capital político para costurar uma composição ampla e representativa. Michelle Bolsonaro, por sua vez, mantém alta popularidade entre o eleitorado conservador e se posiciona como peça-chave para consolidar o bolsonarismo em Brasília.
O encontro também representou o isolamento de outras pré-candidaturas dentro do campo conservador. Nomes como Izalci Lucas (PL) e Fred Linhares (Republicanos), embora cogitados para o Governo do DF, tendem a permanecer em papéis relevantes no Congresso Nacional, reforçando a base da futura coalizão.
Reação ao campo progressista
Enquanto a direita se organiza de forma antecipada e estratégica, partidos de esquerda no DF enfrentam dificuldades para articular candidaturas competitivas. Análises recentes apontam que o campo progressista tem perdido espaço, especialmente em disputas majoritárias. O deputado distrital Gabriel Magno (PT) reconheceu publicamente o desafio de dialogar com o eleitorado de centro e a dificuldade de conter o avanço conservador.
Em 2022, Jair Bolsonaro e Ibaneis Rocha venceram no primeiro turno, e Damares Alves obteve quase 45% dos votos para o Senado — números que consolidam o DF como reduto da direita. A reaproximação de Ibaneis com o clã Bolsonaro reforça o distanciamento do governador em relação ao governo Lula, especialmente após as acusações consideradas infundadas que enfrentou nos desdobramentos do 8 de janeiro.
Projeção nacional
A possível eleição de Ibaneis Rocha e Michelle Bolsonaro ao Senado, combinada com a vitória de Celina Leão ao GDF, criaria uma base política sem precedentes para o campo conservador. A chamada “chapa dos sonhos”, como já tem sido apelidada nos bastidores, conta com apoio de figuras influentes como Bia Kicis (PL), Paulo Octávio (PSD) e Sebastião Coelho (Novo).
Para o cientista político Paulo Melo, trata-se de uma formação com alto potencial de voto e forte apelo simbólico. “A junção entre Ibaneis e Michelle agrega poder institucional e carisma popular. Celina tem o protagonismo necessário para liderar o governo local, e o grupo ainda conta com figuras estratégicas para o Congresso”, analisa.
Se consolidada, essa superaliança poderá garantir não apenas a vitória em cargos majoritários, mas também uma ampla bancada de deputados federais e distritais, consolidando a hegemonia da direita no DF por mais um ciclo eleitoral.
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