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Reverendo Caio Fábio fala sobre Teologia do Domínio: ‘Não Significa Destruição da Criação’

Com exclusividade no programa Imparcial na TV, o reverendo criticou a distorção que o ser humano vem fazendo em relação ao domínio de sua vida na terra. "A proposta bíblica é convívio é natureza é ecossistêmica é respeito e reverência pela criação é cuidado é proteção da criação não é extirpação da criação"
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Em uma entrevista exclusiva no programa “Imparcial na TV”, o jornalista Marcos Alexandre recebeu o reverendo Caio Fábio, considerado o pastor número 1 do país nas décadas de 80 e 90. Figura conhecida no programa, o pastor trouxe à tona sua visão sobre a Teologia do Domínio, um tema de grande relevância para o cenário religioso contemporâneo.

Durante a conversa, Caio Fábio iniciou explicando o conceito de teologia, destacando sua origem grega e a influência de Aristóteles no pensamento teológico cristão. Segundo ele, a própria designação “teologia” é uma contradição de termos quando se trata de Deus, que é inalcançável e habita uma luz inacessível.

O reverendo enfatizou que a verdadeira teologia se resume ao que Jesus ensinou no evangelho, enquanto tudo o mais é mera construção humana. Ele criticou a complexidade excessiva e a desenvoltura de pensamento teológico presente na tradição cristã, atribuindo parte dessa elaboração ao filósofo Aristóteles. “Deus, que é o inalcançável, o que habita a luz inacessível, ou seja, aquele que ninguém nunca viu e nem verá. Assim, a única teologia possível é aquela que se resume ao que Jesus ensinou no Evangelho, para praticarmos na vida. Tudo o mais é ilação, é construção. Daí tem origem profundamente grega, e dentre os gregos, ninguém foi mais importante no cristianismo para criar o complexo e a desenvoltura do pensamento teológico do que o filósofo Aristóteles. Ele é basicamente o pai da estruturação do pensamento do cristianismo desde o Século IV até os dias de hoje”, apontou.

Estudo das escrituras e a teologia do domínio

Durante a entrevista, o jornalista questionou se era errado estudar as escrituras, ao que o reverendo Caio Fábio destacou que estudar as escrituras é importante, mas é fundamental aprender a estudá-las e interpretá-las com os olhos de Jesus. Caio ressaltou que Jesus é o centro interpretativo do Velho Testamento e que ele mesmo é o cumprimento das promessas antigas, incluindo a referência ao templo descrito em Ezequiel 37.

“Estudar as escrituras é bom, mas aprender a estudá-las e ler a partir de Jesus é infinitamente melhor. Eu já tenho a consumação da escritura encarnada diante de mim. Se sou um cristão, devo ler a escritura com os olhos de Jesus, para não ficar perdido no emaranhado de coisas obsoletas.”

Ele destacou a importância de interpretar as escrituras à luz dos ensinamentos de Jesus, enfatizando que o próprio Jesus é o centro gravitacional definitivo e interpretativo do Velho Testamento. Ao mencionar o templo descrito em Ezequiel 37, Caio Fábio ressaltou que Jesus metaforizou esse templo, afirmando que ele já estava presente na Encarnação de Jesus.

“Ele é o templo, ele é o santuário. É dele que escorrem essas águas vivas. Jesus estava dizendo que o templo, o terceiro templo de Ezequiel, já estava feito na sua Encarnação. Ele faz uma interpretação hermenêutica que o tinha como centro gravitacional definitivo e interpretativo do Velho Testamento.”

Teologia do domínio

Marcos perguntou ao  reverendo sobre a interpretação de Gênesis 1:26, onde Deus dá ao homem o domínio sobre a criação. Caio explicou que o homem não foi designado para dominar de forma despotista, mas sim para ser um gestor com características naturais, para cuidar e preservar a criação.

Ele ressaltou que a interpretação correta desse mandamento é de relação cultural com a criação, uma gestão mínima que promova o desenvolvimento natural das coisas, em vez de destruí-las. Caio Fábio destacou que o verdadeiro sentido de governar está relacionado à orientação sequencial lógica que promove um bem maior, não à dominação desenfreada. “Ele era um gestor de características naturais, não um dominador da criação e da criatura. Seria um contrassenso, até porque o último livro da Bíblia, o Apocalipse, fala justamente desse domínio dos homens sobre a criação. Eles destruíram árvores, ecossistemas e o meio ambiente. Isso ocorreu no Apocalipse há 2000 anos, quando a Grande agressão contra a natureza era feita pelo Império Romano, trazendo animais do mundo inteiro para as arenas de shows de morte perversos, vilipendiando e dilapidando a criação como um todo para suas grandes obras.”

O reverendo criticou a interpretação distorcida da teologia do domínio, especialmente por parte de alguns setores neopentecostais, que promovem uma mentalidade de posse e devastação em nome do domínio. Ele alertou para as consequências dessa mentalidade, destacando que o julgamento de Deus também recai sobre aqueles que destroem a terra e exercem controle sobre a mente humana.

A reflexão proposta pelo reverendo convida a repensar as atitudes humanas em relação ao meio ambiente e à natureza. “Dominar sobre ela não era esmagá-la, não era destruí-la, é controlá-la, não é coisa do Contrário, o que nós estamos fazendo é provocar o descontrole absoluto da criação”. 

Assista o programa completo;

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