Operação da PF revela fraudes bilionárias em benefícios do INSS

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Esquema pode ter desviado R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas; mais de 5 mil ações judiciais já foram abertas

Milhões de aposentados e pensionistas do INSS podem ter sido vítimas de um esquema de descontos não autorizados em seus benefícios, segundo investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU). A “Operação Sem Desconto”, deflagrada recentemente, estima que R$ 6,3 bilhões tenham sido retirados irregularmente de contracheques de beneficiários, muitas vezes sem o conhecimento deles.

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Casos como os de Paulo Fernandes, 62 anos, e Raimundo Coelho, 60, ilustram o drama. Pequenos valores mensais, ignorados por anos, se tornaram grandes prejuízos. Paulo, morador de Ceilândia (DF), descobriu R$ 80 descontados por uma empresa desconhecida, além de um seguro não contratado no Bradesco. Já Raimundo, do interior do Amazonas, identificou R$ 30 mensais sendo retirados para um seguro que nunca autorizou.

Como o esquema funciona?

Segundo a advogada previdenciária Valéria Souza, cobranças indevidas de planos de saúde, seguros ou associações são repassadas ao INSS sem o consentimento do beneficiário. “R$ 20 por mês viram R$ 1.000 em alguns anos — um valor crucial para quem vive com o mínimo”, alerta. Muitas vítimas só percebem os descontos ao consultar o extrato no aplicativo Meu INSS ou diretamente no banco.

INSS em crise: 12 entidades investigadas e quase 6 mil processos

A Corregedoria do INSS abriu Processo Administrativo de Responsabilização (PAR) contra 12 entidades suspeitas de envolvimento no esquema, incluindo Ambec, CBPA e APBrasil. O objetivo é apurar as fraudes e buscar a devolução dos valores aos beneficiários. O processo pode durar até 180 dias.

Enquanto isso, o INSS já é réu em 5.899 ações judiciais por descontos irregulares. Os casos estão concentrados principalmente nos Tribunais Regionais Federais da 1ª Região (DF e entorno), da 5ª Região (Nordeste) e da 3ª Região (Sudeste).

O que fazer se for vítima?

  • Verifique seus extratos no aplicativo Meu INSS ou no banco.

  • Registre reclamação no telefone 135 e anote o número de protocolo.

  • Procure um advogado para entrar com ação de ressarcimento.

“Trabalhei a vida toda para ter dignidade, e me roubam sem eu saber como”, desabafa Paulo. Enquanto a operação avança, aposentados exigem transparência, mais fiscalização e justiça — principalmente para quem já vive no limite da sobrevivência.

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(Com informações da PF, CGU e CNJ)

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